A minha primeira semana de junho foi dedicada a estudar e principalmente, fazer reciclagem para o curso de extensão que darei em setembro sobre comunicação interna. Li muitos livros sobre o assunto. Livros de comunicação empresarial e endomarketing, da ABERJE, da FGV, da autora Analisa de Medeiros Brum, do autor Saul Bekin, da Abracom, artigos do site Nós da Comunicação etc. Muitos desses livros e artigos me chamaram a atenção para a informação, integração, transparência das informações, que devem ser passadas de modo claro pelo gestor, motivação etc. São várias fórmulas e dicas para uma boa comunicação interna e corporativa e muitas passadas pela especialista Analisa de Medeiros Brum de forma extremamente importante. Mas, no meio de minha leitura desses vários livros e artigos me deparei com um assunto que já escrevi e que volto a escrever neste texto: motivação.
Confesso que é um assunto que mexe com qualquer pessoa. Em todos os seus livros, Analisa enfatiza que se deve dividir a responsabilidade da motivação, atribuindo ao funcionário pelo menos 50%, de acordo com a moderna psicologia organizacional.
Refleti muito sobre isto. Será? Sabemos que a motivação dos funcionários que trabalham em qualquer empresa não podem ser atrelados a apenas prêmios, bônus, aumentos de salários etc. Isto não é um peixinho dourado que deve ser passado com frequência para que o funcionário possa trabalhar da maneira que a empresa deseja. Eu, como uma profissional da área e que trabalhei muito com isto, acredito que valorização está acima de qualquer coisa e eu disse isto em meu texto passado. A satisfação de ser reconhecido pode ser o peixinho dourado, a cenorinha que tanto o funcionário deseja. Mas, atribuir 50% de motivação para este colaborador é um peso altamente grande. Se estiver errada, por favor, mandem comentários.
Fico pensando nas empresas que passam atualmente por problemas internos e organizacionais. Já presenciei várias com problemas nestes meus longos anos de carreira e posso afirmar que um clima desfavorável afetou e afeta completamente a motivação de equipes de vendas, de comunicação interna, engenharia, marketing, ativação, chão de fábrica etc. A sensação que tinha era de um rastilho de póvolra. Riscou, corre rápido e sem dar tempo de chamar o bombeiro. É preciso um trabalho intenso e um planejamento estratégico forte para que a motivação, o orgulho e o sorriso volte a reinar nos rostos dos funcionários que fazem a diferença dentro dessas empresas.
Não basta usar o velho jargão, que muitos profissionais odeiam mas que muitos utilizam: vestir a camisa. Caso o funcionário esteja desmotivado por qualquer motivo aparente, se a empresa estiver desestruturada, com clima de desintegração entre as equipes, não há nada que faça o funcionário vestir a camisa que ele sempre vestiu com orgulho. Nada fará com que ele saia de casa como faz todos os dias de sua vida, com aquele sorriso nos lábios e com a satisfação de que fará um excelente trabalho naquele dia.
Concordo com a autora que motivação também deve estar dentro de cada pessoa e que existem milhões de exemplos de automotivação. Bill Gates, Carlos Slim, Silvio Santos são citados como pessoas que se automotivaram. O primeiro não ligou de ser chamado de nerd, o segundo fez fortuna quando criança trocando figurinhas e o terceiro vendendo canetas dentro das Barcas que fazia a travessia Rio/Niterói. São exemplos de pessoas riquíssimas e que não esmoreceram.
Ambientes desfavoráveis acabam desestimulando todos dentro do local de trabalho. A falta de informação, de integração acaba com qualquer empresa. Como achar motivação quando o empregado muitas vezes é o último a tomar conhecimento de uma informação importante de sua empresa? Sério! Tem empresas que lançam produtos e serviços primeiro para o mercado e depois comunicam para seus funcionários.
Qual é o empregado que fica motivado ao saber que sua empresa está lançando um serviço por uma revista ou porque seu vizinho viu o anúncio primeiro que ele? Olha que existem muitas empresas no mercado que insistem neste tipo de comunicação! A comunicação interna não trabalha aliada a comunicação externa. Isto é inconcebível. O funcionário se sente desmotivado e vê que ele não é fator importante para a empresa que trabalha.
Este gestor, que deixou de se alinhar com a comunicação interna, esqueceu que o funcionário de sua empresa poderia muito bem ser o maior vendedor do produto lançado no intervalo do Fantástico?
Bem, aí vai uma dica para que a informação circule de forma rápida e transparente entre a empresa e os funcionários. Isto motiva, senhor gestor! Uma empresa tem que ser uma única equipe.
É fácil em uma grande empresa achar feudos e disputas corporativas e isto acaba gerando desorganização e climas desfavoráveis entre áreas. Sim, ainda é muito comum. Mas, acabar com este tipo de cultura é possível, porém exaustivo. É necessário principalmente planejamento, conscientização, trabalhar com os funcionários os valores, a cultura a ética da empresa. Além disso, são necessários gestores fortes e comprometidos para que a empresa volte a ter motivação, acabe com as disputas corporativas e os feudos internos e venha a ser integrada.
O certo, e concordo com a Analisa de Medeiros Brum, é que não há fórmula mágica. Motivação é assunto sério e estudiosos estão tentando identificar fatos que possam motivar e comprometer os funcionários em um ambiente de trabalho.
Enquanto esta fórmula mágica não é achada, as empresas devem dar cada vez mais importância ao trabalho da Comunicação Interna. É por meio dela que podemos fazer circular a informação certa e segura e ainda a integração dos funcionários/empresa.
Como profissional volto a dizer: a fórmula mágica ainda está no reconhecimento/valorização. Este tipo de ação dá um “gás” ao funcionário. Mas, atenção! Não faça desta pequena ação um contentamento momentâneo, o que costumo comparar com a mulher que vai ao shopping e tem compulsão por compras para tapar um vazio existente. Valorização/reconhecimento tem que ser uma ação constante para que um dia, nós da área de comunicação, possamos achar quem sabe a tão sonhada “fórmula mágica’’.